9 de outubro de 2012

Como otimizar seu projeto de tradução – Parte II


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Da série DICAS PARA CLIENTES DE TRADUÇÃO,
a versão em português do blog Translation Client Zone,
de autoria de Bianca Bold
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No primeiro texto desta série, eu comecei a dar dicas a clientes de tradução sobre como colaborar com tradutores para seu próprio bem, iniciando com aspectos ligados a planejamento e materiais de referência. Agora o foco das sugestões para otimizar o processo é no arquivo que você enviará ao tradutor. 

• Envie a versão final do texto

Faça tudo o que estiver ao seu alcance para que o texto enviado ao tradutor seja a versão final e revisada. Se não for possível, o mínimo que você deve fazer é destacar as mudanças feitas depois da primeira entrega. Você pode usar fonte de outra cor, uma ferramenta de marcador de texto ou, ainda melhor, uma ferramenta específica para revisões, como aquela que marca as mudanças feitas no Word (“controlar alterações” ou “track changes”). Nesses casos, é bem comum o tradutor cobrar conforme o trabalho extra e, dependendo do volume de texto novo, o prazo deverá ser reajustado.

O que você deve evitar sempre é aquele vai e vem infindável de e-mails com várias versões do mesmo texto, principalmente depois que o tradutor já começou o trabalho. Essa é a receita perfeita para perder tempo e, muito provavelmente, dinheiro.

• Envie arquivos editáveis

Tradutor traduz. Simples, não é? Entretanto, algumas pessoas pensam que podem enviar uma imagem a um tradutor e recebê-la de volta com tudo igualzinho, mas em outro idioma. Bem, isso é perfeitamente viável, mas é outro serviço que seu tradutor pode oferecer ou não. E nem todos os tradutores oferecem. Enquanto alguns de nós adoram editoração eletrônica e se divertem formatando textos, fazendo gráficos, preparando tabelas, criando imagens... outros não levam muito jeito para isso, não gostam ou simplesmente acham que não vale a pena investir tempo nessas atividades extras e preferem concentrar seus esforços no que sabem fazer melhor: traduzir.

A maioria dos tradutores prefere receber arquivos editáveis. Dito isso, PDFs editáveis são aceitáveis, mas não ideais. Às vezes é até possível copiar o conteúdo de um determinado PDF e colar num processador de texto, mas muitas vezes a formatação se perde. Isso acontece principalmente quando o documento não contém apenas texto corrido.

O melhor tipo de arquivo que você pode enviar a um tradutor é num formato que possa ser editado e que também seja suportado pelas chamadas “ferramentas CAT” (ferramentas de tradução assistida por computador) que seu tradutor usa. Um breve parêntese é crucial aqui: ferramentas CAT e, mais especificamente, softwares de memória de tradução, não são a mesma coisa que ferramentas de tradução automática. Explicando de forma bem simples e resumida, podemos dizer que memórias de tradução são arquivos que armazenam frases/segmentos traduzidos pelo usuário. Então, quando seu tradutor se depara com o mesmo conteúdo ou algo semelhante, o software oferece as soluções já usadas anteriormente, ajudando a manter a consistência textual. Uma das vantagens dessas ferramentas é que a formatação costuma permanecer intacta.

No caso de você não poder enviar um arquivo editável, as reações variam de tradutor para tradutor. Antes de começar o trabalho, talvez o tradutor peça que você envie o material a outro profissional para transformá-lo em texto editável. O tradutor também pode optar por digitar o texto traduzido em um arquivo simples, sem se preocupar com a formatação final. Nesse caso, você será responsável por realizar essa tarefa ou contratar quem a faça. O tradutor pode, ainda, oferecer a formatação (e cobrar pelo trabalho extra) ou encaminhar o texto a um colega que cuide dessa tarefa (que cobrará suas próprias tarifas).

Uma ótima citação para fechar esta discussão, por enquanto, é um trecho da seção "Business Smarts" de janeiro de 2007 da ATA Chronicle (revista da American Translators Association), intitulada "Working with PDFs" (tradução minha):
Alguns colegas cobram uma sobretaxa fixa para trabalhar a partir de textos impressos e PDFs, a fim de compensar as tarefas de formatação extra e as dificuldades de uso de ferramentas CAT. Em muitos casos, clientes diretos acabam enviando uma cópia editável do documento [...] ao serem informados de que a tradução de um PDF leva mais tempo e, portanto, custa mais caro.

O mesmo artigo mostra que trabalhar com textos editáveis é também uma forma de reduzir a margem de erros:
Eles [clientes de tradução] também podem gostar de saber que um tradutor que trabalha a partir de arquivos no próprio processador de texto pode oferecer níveis mais altos de qualidade e precisão, já que elementos como tabelas e listas não precisam ser digitados de forma trabalhosa (e talvez até mesmo imprecisa).

A esta altura, deve ter ficado claro que colaborar com seus tradutores não significa apenas facilitar a vida deles. O mais importante disso tudo é que há muitas coisas que você pode fazer a fim de obter o melhor produto possível.

Concluindo esta primeira série de artigos, o próximo texto vai tratar da etapa de tradução propriamente dita e o que fazer após receber o texto traduzido. Mais uma vez, vou dar sugestões sobre como se comportar em situações comuns para conseguir o máximo de retorno em seus projetos de tradução.

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